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Livro de capa dura

Política pode ajudar na volta dos cruzeiros? Entenda situação.

Em todo o mundo, 85 países já retomaram os cruzeiros (sem suspensão desde o reinício) com mais de 200 navios ao mar.

Salvador.


Suspensa desde o começo de janeiro e pelo menos até o dia 18 deste mês, a temporada de cruzeiros no Brasil está mais ameaçada por questões políticas e pelo estigma contra os cruzeiros do que pela ômicron. Como vários estudos e países mostraram, o controle da nova variante de covid-19 não se dá pela proibição de viagens e sim pelo reforço de protocolos, como uso de máscara, testagem, distanciamento, filtragem do ar e, mais importante, pela vacinação obrigatória.


O navio de cruzeiro, como consequência do drama do começo da pandemia, com embarcações em quarentena e sem ter onde atracar, é hoje o único meio de transporte onde todos os passageiros e tripulantes são testados, em uma política de protocolos mundial, aprimorada para o Brasil pela Anvisa. Protocolos, claro, feitos antes da ômicron e que estavam prontos, por parte das companhias marítimas, para serem intensificados, com a testagem de todos os passageiros ainda no porto.


A Clia Brasil tenta reverter o quadro atual, com recomendação da Anvisa para fim da temporada, sugerindo os novos protocolos de testagem no porto e outras medidas a bordo. Mas se por um lado tem o apoio do governo federal, por outro se viu em meio a uma falta de uniformidade de entendimentos envolvendo a Anvisa e Estados e municípios.


Órgão independente do governo, a Anvisa tem tido atritos com o governo federal, cujo ápice foi uma carta aberta do presidente da agência, Antonio Barra Torres, para ninguém menos que Jair Bolsonaro.

Pier Mauá, no Rio.


Os Estados, assustados pelo aumento da ômicron e de olho na opinião pública, tomaram decisões distintas quanto ao tema. Na primeira reunião com o governo para deliberar sobre o cancelamento da temporada, como está no comunicado da Secretaria de Turismo da Bahia (veja abaixo), apenas os destinos do Sul disseram sim aos cruzeiros. São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Alagoas disseram não concordar com o retorno dos navios naquele momento de crescimento de casos da ômicron (começo de janeiro).


Uma temporada sem Santos e Rio de Janeiro fica inviabilizada. O Portal PANROTAS pediu às secretarias estaduais de Turismo de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Alagoas um posicionamento sobre o tema e se ainda estariam contrárias à volta dos cruzeiros ainda este ano. As respostas, que estão abaixo, resumem-se a declarações genéricas que não indicam quais serão seus votos em uma próxima reunião.


Nos bastidores, o Rio de Janeiro já teria aceitado o retorno dos cruzeiros e São Paulo estaria dialogando com o setor.

Vinícius Lummertz, secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo.


SÃO PAULO: “Sobre a decisão das empresas e da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar/Clia Brasil) de estender voluntariamente a suspensão das operações até 18 de fevereiro, a Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo informa que permanece à disposição para a busca de solução possível, desde que segura. O segmento de cruzeiros marítimos receberá a atenção dispensada aos demais, com tratamento respeitoso e amparado por decisões técnicas, adotadas sempre em conjunto. Um novo encontro com as autoridades de Saúde já foi solicitado. A Secretaria de Turismo e Viagens lembra que a gestão da pandemia em São Paulo é respaldada na ciência e na preocupação prioritária com a saúde da população.” Gustavo Tutuca, secretário de Turismo do Rio de Janeiro .

Gustavo Tutuca, secretário de Turismo do Rio de Janeiro.


RIO DE JANEIRO: “A Secretaria de Estado de Turismo reconhece a importância dos cruzeiros para o fomento do setor no Rio de Janeiro, mas segue as orientações do corpo técnico dos órgãos de saúde, que está trabalhando na atualização das regras sanitárias para a atividade.”


BAHIA: “O Estado da Bahia se posicionou sobre a retomada da temporada de cruzeiros no País. A exposição foi feita pela secretária de Saúde do Estado, Tereza Paim, e pelo secretário de Turismo do Estado, Maurício Bacellar, durante uma reunião, realizada de forma virtual, com representantes do Governo Federal e dos setores de saúde e de Turismo de Estados e municípios que recebem os navios. Tereza Paim pontuou a atual situação que o País vem enfrentando com o aumento de casos de covid-19 e também um surto de Influenza. “Além da explosão de casos dessas doenças, ainda estamos enfrentando na Bahia problemas por conta das chuvas, que levou mais de 175 municípios a decretar estado de emergência”. A secretária ainda destacou que 6 casos da variante ômicron foram identificados em pessoas que estavam em navios atracados no porto de Salvador. O secretário de Turismo reafirmou o posicionamento exposto pela secretária de Saúde. “Só é possível retomar qualquer atividade quando houver protocolo que atenda o atual cenário. Por enquanto não temos isso”, afirmou.”


ALAGOAS: "Desde o começo da pandemia, o Governo de Alagoas vem adotando uma postura de adequação dos serviços – públicos e privados – a partir de critérios técnicos-científicos estabelecidos pelos órgãos de saúde pública, como a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau/AL) e a Anvisa. Assim, a prorrogação para a retomada da temporada de cruzeiros 2021-2022 obedece aos protocolos sanitários determinados pelos órgãos competentes, para que se garanta a segurança da população, profissionais do turismo e turistas. Os três navios que atracaram em Alagoas nesta temporada movimentaram cerca de R$10 milhões. Com a suspensão, o segmento do Turismo, sobretudo receptivos, bares, restaurantes e comércio, são os mais afetados, uma vez que tal setor é estimulado pela chegada de visitantes no Estado."


Em resumo: tudo indica que a temporada de cruzeiros poderá voltar se houver vontade política. Em todo o mundo, 85 países já retomaram os cruzeiros (sem suspensão desde o reinício), com mais de 200 navios ao mar, e o Brasil é o único que teve as operações suspensas. Mas vale lembrar que o Caribe é logo ali.


*Atualizado em 03/02, às 11h50, com o posicionamento de Alagoas



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